A ondulação entrava forte naquele feriado, mas eu, apesar dos apelos dos amigos, resolvi encarar um Cardosão com ondas grandes, munido de uma minúscula e redonda Rico 5’5 biquilhas... e lembro que bastou eu chegar no out side para entender o porque alguns surfistas usavam pranchas grandes e monoquilhas. Em poucos instantes eu já estava na beira da praia, assustado e congelado.
Então, devido a forte ondulação fomos visitar o Farol, que na época tinha acesso liberado, para saber a previsão das ondas. O responsável nos recebeu cordialmente, e nos encaminhou a “moderna sala de telégrafos” onde em contato como o Porto de Rio Grande/RS recebeu a informação de que por lá a coisa também estava complicada. Aproveitando a oportunidade fomos conhecer o funcionamento do imponente farol e ver tudo por um ângulo surpreendente. Nesta ocasião perguntei ao faroleiro por que em apenas uma das janelas havia um vidro adicional, e recebi a explicação de que se tratava de uma lente de aumento, a qual servia para indicar às embarcações sobre umas pedras situadas a dezenas de quilômetros mar a dentro. Lembro que a lente direcionava-se a sudeste, e que ele comentou que os pescadores diziam terem visto quebrar ondas gigantes lá. Era tudo novidade para mim, ondas grandes e geladas, estradas de difícil acesso, praias desertas... e aquele farol com uma enorme lâmpada e uma lente de aumento indicando perigo em alto mar me deixou pensativo sobre a possibilidade de algum dia alguém surfar lá.